sexta-feira, 2 de agosto de 2013

O telefonema

Soa o telefone, geralmente no mesmo horário, alguém da casa atende e passa o aparelho para mim. Quando soa, já penso: é ela. Minha querida mana que faz a sua voz chegar de tão longe para ouvi-la como se estivesse tão perto.

Com seu sotaque meigo e fraternal, entabula uma conversa corriqueira, que logo passamos a discorrer por longos e longos minutos. Só sabemos que iniciamos uma conversa, mas não precisamos quando terminará. 

O diálogo entre pessoas que se entendem empaticamente flui de maneira suave, quase como uma sinfonia que agrada aos ouvidos. Nem sentimos o tempo passar tão envolvidos que ficamos. 


Existe uma interação muito forte entre nossos pensamentos. Algo de cúmplice tece os seus fios na formação de um mesmo tecido. Isso porque falamos normalmente dos assuntos que nos são afins. Afinal, seus problemas são também meus. Suas alegrias, também.

Realmente, existem pessoas com as quais sentimos necessidade de estar sempre juntas, de ouvir sua voz e olhar nos seus olhos, como se assim se completassem e se pertencessem por força do destino. 

Por esta razão, talvez seja explicável o telefonema quase sempre no mesmo horário, como algo que fosse de extremo imperativo em acontecer.

Quando resolvemos nos despedir pelo avançado da hora, sempre existe um tempinho a mais de bate-papo. Algo que deixou de ser conversado surge de repente e lá se vai mais tempo de conversa. Imagino, assim penso, que sorrimos intimamente por esses incidentes corriqueiros e esperados. 

Hoje, data do seu aniversário. Eis o meu presente: um telefonema e o envio deste texto quase no mesmo horário, como de hábito.


Washington Luiz do Nascimento
Estudante de Jornalismo
e-mail: washingtonluiznascimento@hotmail.com