Certo dia, meu pai chegou embriagado em casa e o que vi não foi nada agradável. Meu pai e uma das minhas irmãs discutiram. Então, ele pegou um cinto e bateu bastante nela. Ao presenciar a cena, acendeu uma ira incontrolável no meu coração e entrei na briga. Talvez fosse mais uma entre tantas, se no meio daquele ardor não tivesse mandado meu pai para o inferno. Gritei bem alto para ele: “Quero, que o senhor vá para o inferno”. Naquela época, eu tinha apenas sete anos e não tive noção do quanto isso iria alterar o meu relacionamento com meu pai. Toda noite antes de dormir eu lhe pedia a bênção. Como de costume, naquele dia não foi diferente. Porém, papai não respondeu. Nunca mais lhe pedi a bênção e, desde então, ele deixou de me abençoar. Creio, até hoje, que um pai e uma mãe devem sempre procurar abençoar seus filhos não só com palavras, e também, com atitudes.
Os anos se passaram e conheci a Jesus Cristo mais profundamente e tive uma experiência real com o Senhor. De acordo com a Bíblia, devemos pedir perdão a quem ferimos. Pedi a meu pai perdão, não uma, mas várias vezes. Entretanto, a cada problema ou pequena discussão que havia entre nós, ele sempre se lembrava do dia que eu o mandei ir para o inferno. Doía na minha alma o fato de ele ainda não ter me perdoado. Foi um processo longo e doloroso que passei, mas Deus me deu vitória.
Um dia convidei meu pai para ir a uma igreja comigo. Naquela época, congregava na Assembléia de Deus – Ministério Deus é Fiel, em Nova Iguaçu. O Pr. Jesonias, usado pelo Senhor, me concedeu uma oportunidade para falar da palavra de Deus. Então, o Espírito Santo ministrou ao meu coração que eu deveria pedir perdão a meu pai naquela oportunidade. Contei a história à igreja e depois me dirigi a meu pai e disse diante de todos. “Pai, eu te amo, eu quero que o senhor vá para o céu um dia e quero me encontrar com o senhor lá”. Disse umas três vezes: “Pai eu quero que o senhor vá para o céu comigo!” Quando desci, dei um forte abraço nele e disse mais uma vez que o amava. Naquela noite, meu pai voltou a me abençoar. Foi um dos dias mais felizes de minha vida. Em 1972, quando brigamos, eu estava com sete anos de idade, e quando houve o perdão genuíno, em 2004, eu já tinha 38 anos de idade. Passaram-se 31 anos para que o meu pai me perdoasse.
Em 31 de dezembro de 2010, conversei com meu pai sobre o amor de Jesus e o seu perdão e ele se reconciliou com o Senhor, pois estava afastado de caminho do Senhor. Naquela tarde tão especial, oramos para que o Senhor acendesse o nome dele no Livro da Vida, do qual creio eu jamais saiu.
Numa de nossas tantas conversas ele me falou uma frase, que para mim é pérola divina. Ele disse: “Filha, não existe um grande pecado, existe um grande perdão de Deus em nossas vidas”. Prometi-lhe, que um dia escreveria um artigo sobre isso para que não se perdesse, pois foi uma revelação divina. E esse artigo foi publicado pela Revista Desafio Missionário da União Feminina Missionária Batista do Brasil.
Antes de terminar, quero escrever para você que está lendo esse artigo e conhecendo um pouco da minha história: Quero dizer que Deus me deu a oportunidade de me reconciliar com meu pai, enquanto ele estava vivo. Deus sabe o que cada um de nós é capaz de suportar. Mas, creia numa coisa, mesmo que você tenha ferido alguém ou tenha sido ferido e não teve a chance que eu tive, saiba que o nosso Deus através de Jesus Cristo nos perdoa de todos os pecados. Em I João 1:9 diz: Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça. E em I João 3:20 diz: ...que, se o nosso coração nos condena, maior é Deus do que o nosso coração, e conhece todas as coisas. Há um perdão divino que alcança todas as situações não resolvidas e nos purifica, nos limpa e nos traz vida e vida em abundância. A graça de Deus, ou seja, seu favor imerecido nos alcança de uma forma que transforma todo e qualquer sentimento mal resolvido ou sem solução aos olhos humanos. Perdoar é “deixar ir”... Deixe ir todo e qualquer sentimento de amargura e deixe o perdão de Deus inundar o seu coração e você poderá ver a transformação que Ele irá fazer em sua vida. Jesus Cristo nos perdoa de todos os pecados. TODOS. Jesus é o nosso mediador e através Dele temos o nosso passaporte para o céu e nos tornamos filhos de Deus, co-herdeiros em Cristo Jesus. Que essa mensagem nascida de uma conversa entre um pai e uma filha que alcançaram o perdão de Deus venha alcançar a sua vida também. Nas próximas páginas descrevo na íntegra o artigo conforme foi publicado na Revista Desafio Missionário na época.
Antes de falecer, em 25 de junho de 2011, meu pai foi recebido como membro da Igreja Assembléia de Deus do Carmary. Hoje, ele está na Assembléia dos santos, remidos e lavados pelo sangue precioso de Jesus para honra e glória de Deus Pai.
Que Deus vos abençoe. No amor de Cristo,