Texto bíblico: Salmo 51
Certo dia, conversando com meu pai a respeito do Salmo 51, ele conseguiu resumir em uma frase a essência do grito da alma de Davi, o seu pecado e o perdão divino. Ele disse: “Filha, não existe um grande pecado, existe um grande perdão de Deus em nossas vidas”. Essa frase me impactou tanto que jamais a esqueci.
Meu pai era um homem fervoroso e trabalhava intensamente na obra de Deus, mas decepcionou-se e se afastou da presença de Deus por quase toda a sua vida. Hoje ele está com 83 anos de idade e foi no último dia de 2009 que ele se reconciliou com Deus. Ele conheceu o grande perdão de Deus numa vida marcada por transgressões. Quando vejo a restauração de alguém assim, penso que o verdadeiro milagre de Deus é transformar um coração de pedra em um coração quebrantado e submisso a sua vontade.
Esse salmo de Davi nos faz mergulhar na alma de um homem que compreendeu o grande perdão de Deus, numa época em que o pecado de adultério e assassinato era marcado por uma condenação de morte por apedrejamento diante da lei mosaica. Davi recorreu àquele que é o autor e mentor da lei: o próprio Deus. Ele não morreu, pois foi alcançado pelo perdão divino, como um prenúncio do que Cristo representaria em nossas vidas diante da lei.
A lei mata, instaura as regras que devem e têm que ser seguidas. Mas quando são transgredidas, como no exemplo de Davi, não há perdão, segundo a lei da antiga aliança. Todavia, na nova aliança instaurada no Novo Testamento, através de Jesus, encontramos a absolvição e somos vivificados.
O pecado satisfaz a nossa carne, um desejo que é real, “mas de forma errada e nos leva à morte espiritual”. O pecado depois de consumando provoca dores na alma, no corpo e no espírito, pois tira a nossa paz e nos afasta da comunhão com Deus. Provoca uma tristeza profunda dentro de nós, porque entristecemos o Espírito Santo. Ele tem sentimentos e se entristece quando pecamos. Por isso sentimos dores. E essas dores servem pra nos dizer que fizemos alguma coisa errada e que precisamos restaurar a nossa comunhão com Deus.
Comunhão, segundo o dicionário Aurélio, é “partilhar os mesmos sentimentos, ideias e valores”. E nossos sentimentos, valores e ideias estão vinculados a Deus. Por isso o pecado corrompe esse relacionamento com o Senhor. Mas graças a Deus por Jesus Cristo, como nosso advogado, que nos defende diante do Pai e nos perdoa de todas as transgressões.
Quão maravilhoso é o Espírito Santo, que intercede por nós com gemidos inexprimíveis. Aquilo que não conseguimos falar, por causa da dor, Ele fala por nós. O perdão de Deus é um mistério. Ele nos absolve e nos devolve a paz. Por isso, Davi escreveu no versículo 11: “Não me lances fora da tua presença, e não retires de mim o teu Espírito Santo”. Ele sabia que não há relacionamento com Deus sem o Espírito Santo. Aquele que extingue o Espírito Santo de sua vida perde o verdadeiro sentido da vida. É Ele que frutifica em nós as qualidades de Cristo: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. É o Espírito Santo quem nos torna diferentes e que nos identifica como Filhos de Deus, reconciliados com o Pai através de Jesus Cristo.
Não importa o pecado cometido. Há perdão para quem se arrepende. Não importa quantas vezes você tenha cometido um delito, Ele perdoa. Se é algo que você não consegue largar, Ele vai ajudá-la a se libertar. O que Deus quer é que você não desista. Tenha bom ânimo, esforça-te, o Senhor está contigo. Certas pessoas são libertas de seus vícios no momento em que aceitam a Jesus como seu Salvador, mas outras passam por um processo maior de purificação.
Às vezes, penso que quanto mais rígidos somos conosco e com os outros, mais demorado se torna o processo, para que não venhamos a julgar o próximo pelas suas falhas, e sim ajudá-los a crescer em Cristo e vencer as suas fraquezas.
O diabo, nosso adversário, sopra em nossos ouvidos que não vamos vencer, que não haverá transformação de vida, que a derrota é certa. Mas o Senhor afirma que há uma Palavra de vitória sobre as nossas vidas. A Palavra de Deus diz que como Jesus venceu nós venceremos. “Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou” (Romanos 8.37).
Haverá um momento em que o desejo que desagrada a Deus será mortificado totalmente pelo amor e desejo de obedecer ao Senhor e agradá-lo em tudo.
Vivemos pela graça de Deus. Respiramos por causa da graça de Deus. Não somos consumidos por causa da misericórdia de Deus. Estamos de pé porque Ele nos levantou. Continuamos de pé porque Ele é quem nos sustenta. Estamos vivos porque Ele é quem nos dá o fôlego de vida. Amamo-nos uns aos outros porque o seu Espírito frutifica esse amor em nós. Amamos ao Senhor, porque ele nos amou primeiro.
Não se afunde num mar de remorsos, antes mergulhe nos rios de água viva do perdão do Senhor. “Portanto, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta” (Hebreus 12.1). Levante-se e cumpra a missão para a qual Deus te comissionou. E nunca esqueça: “Filha do Deus vivo, não existe um grande pecado, existe um grande perdão de Deus em nossas vidas”.
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