segunda-feira, 26 de março de 2012

A simplicidade que perdemos

Texto bíblico: E Débora, mulher profetisa, mulher de Lapidote, julgava a Israel naquele tempo. Ela assentava-se debaixo das palmeiras de Débora, entre Ramá e Betel, nas montanhas de Efraim; e os filhos de Israel subiam a ela a juízo. (Juízes 4. 4)


A simplicidade da vida da profetisa Débora me impressiona de maneira indelével, mormente neste tempo em que nós buscamos nos apresentar à sociedade de modo vitorioso, prósperos, acima das pessoas comuns, cheios de fátuo conhecimento das coisas divinas, mas sem o poder de Deus que se manifestava através da vida de santidade e submissão a Deus. 

Através da vida de Débora, as pessoas a procuravam para saber os caminhos de Deus e não saiam frustrados. Exercer o ministério debaixo de uma palmeira não é sonho de nenhum seminarista ou pastor que conheço. Os sonhos pessoais de todos nós superam essa simplicidade tão contundente para os nossos padrões de prosperidade e visão do mundo hodierno. 

Vivemos dias de intenso consumo das coisas materiais. Por outro lado, estamos cada vez mais carentes do suprimento e conforto espirituais que somente podemos encontrar em Jesus Cristo. Como é difícil dominar o desejo de nossos olhos: os bens materiais, os desejos carnais, a satisfação do eu. Enquanto não entregarmos toda a nossa vida a Deus em submissão total, jamais vamos ficar satisfeitos e felizes verdadeiramente. 

Não é sem razão que os ministérios que pregam a prosperidade material estão com seus templos cheios e seus “ministros” milionários à custa da boa-fé de seus fiéis. Todos querem ficar ricos, mais poucos querem viver uma vida de santidade e submissão a Deus. Quantos hoje fazem exigências para pregar o evangelho, cantar, assumir cargos denominacionais ou pastorados. Exigências que envergonhariam até os grandes astros e estrelas do mundo artístico e político. 

Trago à memória o pensamento de Paulo: “Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho!” (I Coríntios 9:16). Tenho a clara impressão de que perdemos a simplicidade que devia nortear a nossa relação com as pessoas e mais ainda, com as coisas divinas. 

A vida de Débora nos ensina a servir a Deus sem fazer exigências daqueles a quem Deus nos manda servir, e à própria igreja. Ah! Como perdemos a confiança que devia encher o coração dos verdadeiros sacerdotes: “Disse também o SENHOR a Arão: Na sua terra herança nenhuma terás, e no meio deles, nenhuma parte terás; eu sou a tua parte e a tua herança no meio dos filhos de Israel.” (Números 18:20).

Quando nos encontramos no centro da vontade divina, as coisas materiais perdem seu brilho e atração para nós. Quando nos concentramos tão somente em cumprir, e amar os mandamentos divinos, encontramos toda a satisfação e felicidade que tanto buscamos nas coisas materiais. Toda a nossa busca pelos prazeres passageiros deste mundo perde o seu fulgor estonteante quando servirmos a Deus de maneira simples, submissa, e com os olhos da fé voltados tão somente para Ele. 

Pr. Marcos A. Nascimento 
marcosantonion@oi.com.br